terça-feira, 24 de janeiro de 2012

'Brava'

Nem sempre gosto dela e, às vezes, sei que ela nem sempre gosta de mim.
Não gosto quando me julga. Não gosto quando não me ouve. Não gosto quando me diz que não. Não gosto quando se esquece de coisas que lhe digo. Não gosto quando chega atrasada. Ai, odeio quando não me atende o telefone, quando lhe tento telefonar!
Contudo, gosto mesmo muito dela...
Gosto, por exemplo, da companhia do seu silêncio.
É a física que questiono quando penso no facto de sua imensidão caber dentro de tão pequeno corpo.
É grande! Generosa. Não com as coisas, mas com os sentimentos; com o que sabe e conhece, com o seu optimismo, com sua simpatia, e com a sua segurança.
Sabe, francamente, (com quem escolhe) partilhar!
Ensinou-me a aprender pelo menos metade das coisas que preciso saber para ser feliz.
Dá-me tudo isto, sem nada disto lhe ser pedido.
Dá-me tudo isto, sem nada me pedir.
Gosto das vezes que me abraça, quando não preciso.
Gosto das vezes que me deixa chorar sozinha.
O que mais gosto, sem muitas vezes saber gostar, é da forma como me respeita!
É dotada de uma intuição assustadora. Sensibilidade poderia ser o seu nome do meio.
É doce e alegre.
Há quem diga ter olhos tristes... Eu vejo neles a curiosidade, a força e a vontade!
A vontade de ser ainda maior! Através de pontes que cimenta todos os dias desde o abrir ao fechar de seus olhos grandes.
É tão distraída e destrambelhada que tangendo o meu enervar me faz alegremente sorrir.
Tenho sempre a necessidade de a partilhar por a saber única. Como se de uma obra prima de arte se tratasse!
Outro dia sonhei que vivia noutra cidade de outro continente e que conhecera uma pessoa tal e qual como ela e não fui capaz de conter o meu desejo de, imediatamente, as apresentar.
Hoje percebi que o mesmo poderá respeitar ao facto de a sua existência se ter tornado essencial à minha e da vontade que tenho em mostrar-lhe o reflexo deste espelho que sou eu.  

A noite passada perguntaste-me o que significas para mim.
É disto que se trata.


L .

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Bolinha

Não sei dizer que te amo.
Não sei dizer que és a pessoa mais importante da minha vida.
Não te sei dizer que parte de mim vai morrer quando desapareces.
Não sei mostrar-te que a tua existência foi elementar à minha.
Não sei ilustrar-te o que sinto.
Por palavras, por gestos, por atitudes...
Por atitudes, palavras e gestos, testo o teu amor por mim.
Testo-o por me parecer impossível gostares de mim como nunca ninguém poderá, de forma alguma, gostar.
Assusta-me não ser capaz de te mostrar que ninguém poderá gostar de ti como gosto eu.
É particular o meu amor por ti.
É único o teu amor por mim.
O que nos ligou fisicamente foi brutalmente cortado no segundo em que deixámos de ser Um!
Contudo,
o que nos liga emocionalmente é ilimitado...
E é a isso que, cobardemente, me agarro quando percebo que não sei dizer que te amo. quando sou incapaz de te mostrar que a minha existência sem ti era nula, quando não arranjo forma de te explicar a falta que um dia me farás...
Digo-to assim e agora, como sou capaz!
Amo-te como nunca vou amar ninguém e amar-te assim faz de mim tua procedente a quem sei que amas como a mais ninguém, mesmo que por vezes, não saibas como o mostrar ou dizer.
Piada tem este nosso silencioso amor...

L .